sábado, 8 de dezembro de 2012

sentidos que trazem lembranças


Muitas vezes, aparecem coisas no dia a dia que nos remetem a outras antigas, esquecidas no momento. Esses dispositivos que ativam lembranças antigas são, pelo menos em mim, em forma de alguns sentidos. Por exemplo: um cheiro, uma música. Músicas nos fazem facilmente lembrar de alguns momentos, triste ou alegres, ou algum lugar, ou uma pessoa, uma viagem, uma cidade. Me sinto muito feliz ao escutar o trecho de uma música que me remete à alguma cidade que visitei, é como se a visitasse por um breve instante, meio que sem querer e me traz uma alegria inusitada ao dia a dia. Pequenos prazeres, como diria Amélie. Então, esse breve instante inusitado é muito mais interessante do que aqueles que são provocados, como se você procurasse a tal música para lembrar de tal coisa. São coisas pequenas que nos dão uma alegria intensa.

Ainda mais estranhamente interessante são lembranças relacionadas ao cheiro. Não sei se isso ocorre com mais pessoas, mas comigo isso é constante. Acho tão legal possuir essa capacidade tão humana de memória! Ontem mesmo na hora do almoço, fui almoçar num restaurante vegetariano e senti um cheiro familiar no meu prato. Cheirei algumas vezes, ele me lembrava algo, mas eu não sabia ao certo o que era. Mas lembrava alguma coisa. Depois de alguns minutos percebi que me lembrava o quarto de um amigo do intercâmbio, ele cozinhava super bem... era o cheiro de Curry, um tempero. E fiquei feliz por ter esse instante me transportando para outro lugar, bem longe daqui, dentro de um momento que não existe mais senão naquele cheiro de Curry. Analisando agora a fluidez do tempo percebo um quarto hoje alugado por outra pessoa, com outro cheiro, ou desocupado, sem cheiro, esperando alguém outro ocupá-lo. Acho que é isso que faz a memória tão importante, muitas vezes ela nos falha, mas tantas outras nos leva a perceber essas coisas pequenas da vida.

4 comentários:

  1. Muito legal, Hort, esse seu texto... esse lance do memória associada aos sentidos é de fato muito interessante. Uma vez conheci um menina e não simpatizei com ela, não sabia direito o porque, já que ela era bem simpática...aí descobri que ero cheiro dela...ela cheirava igualzinho a uma costureira amiga da minha avó que eu não gostava quando era criança...depois descobri que a menina era estilista, provavelmente deveria trabalhar com o mesmo tipo de tecido que a amiga minha avó ...=P

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  2. Adorei seu comentário André! Acontece mesmo essas coisas...

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  3. "O nosso corpo não esquece". Acho que ouvi isso durante a graduação. Na época, não tinha me atentado para o fato de que associamos muita coisa sem nos darmos conta. E é tão divertido e instigante tentar acessar esse "banco de dados" por vezes desconexos.

    Já que você citou os odores e perfumes, Horty, no meu caso, me identifico com as canções e melodias. Elas me levam para longe, divago sem medo e rumo. Uma, em especial, me lembra o dia em que decidi aprender algum instrumento musical. É a saudosa "Pais e Filhos" do Legião Urbana. Essa canção me remete a uma viagem com minha família. Inesquecível.

    Pensando bem, acho que se nos prestarmos ao esforço, muitos momentos de nossas vidas poderiam ser agraciados com uma trilha sonora..rs..

    Parabéns pelo blog e por seu texto. Espero que continue firme.

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    1. Oi Dudu!! A nossa vida devia ter trilha sonora né? hahaha! É tao bom saber que somos sensíveis a essas coisas né? Adorei seu comentário! Vou tentar continuar firme! =)

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